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A embalagem é um item muitas vezes preterido quando o assunto é logística. Porém, ao voltar os olhos para esse tópico, é possível enxergar oportunidades de melhorias com a busca por materiais mais eficientes, o aumento da responsabilidade ambiental das empresas e a diminuição dos custos sem afetar a qualidade da armazenagem e da movimentação dos produtos.

Em meio à crise política e, acima de tudo, econômica, os produtos duram mais nas prateleiras, o poder de compra da população diminui e a desaceleração no consumo fica mais do que evidente. Ao repensar conceitos de embalagem tanto primárias quanto terciárias, as empresas podem diminuir seus custos operacionais sem diminuir a qualidade. “A logística é quadrada, você não vê armazéns redondo“, diz José Geraldo Vantine, diretor da Vantine Consultoria, empresa de consultoria em Logística e Supply Chain Management. Ao mostrar as diferenças entre as embalagens de um determinada marca de leite condensado, em que há opções de pesos e inclusive de formatos diferentes, ele aponta para a curvilínea. “Por que a embalagem é redonda? Ao colocar na caixa de papelão para o transporte, se você olhar de cima vai ver que ela deixa espaços vazios“, diz. “Ao usar a embalagem quadrada ou retangular, você irá carregar mais produtos em menos espaço“, explica.

Detalhes como esse podem impactar diretamente no número de viagens realizadas e no espaço necessário para a armazenagem, por exemplo, impactando nos custos logísticos. “Essa é a primeira relação que existe no impacto da embalagem na logística por causa do custo de armazenagem, de movimentação e de transporte”, indica Vantine. O executivo explica que as embalagens primárias não tem absolutamente nenhuma influência do setor de logística. “A embalagem de consumo é desenvolvida pelo pessoal de comunicação e marketing. Ela tem as características que foram desenvolvidas dos anos 1950 para frente, em função do autoserviço”, diz. Assim não há contribuição da Logística na produção de embalagens primárias. Por mais que o custo extra de embalagens diferenciadas seja repassado para o cliente, ele acredita que o setor de Logística teria muito a contribuir com esse segmento. “Em um mundo ideal, o operador ou transportador teria um esquema de melhora contínua”, afirma. Ele sugere que os profissionais de logística deveriam fazer parte dos projetos de desenho de embalagens, juntamente com as equipes de marketing, para assim chegar a resultados satisfatórios para as vendas e também para a armazenagem e o transporte dessas embalagens.

Revista Tecnologística – Ano XXII – nº 246 – Setembro/Outubro-2016