VIVENDO A LOGÍSTICA

Em continuidade à série de artigos publicados no Jornal “O Estado de São Paulo” , o artigo desta edição tratará do assunto:

SISTEMA LOGÍSTICO II – O SISTEMA.

O sistema logístico atua diretamente sobre a cadeia de distribuição que acabamos de analisar. Sua finalidade é controlar e harmonizar os fluxos de entrada e saída nas áreas de distribuição, suprimentos e produção – sejam eles referentes a informações ou materiais. Com isso, se propõe a obter o máximo de eficiência do setor serviços, ao menor custo possível. Um projeto de logística deve, portanto, determinar o nível desejado de desempenho e os custos que acarretará. Por isso, antes de defini-lo, a empresa deve realizar uma análise da eficiência de sua cadeia de distribuição e definir seus objetivos de médio e longo prazo. Para tanto, as seguintes perguntas são fundamentais:

•  Onde se localizam os meus clientes, atuais e potenciais?

  Que produtos eles compram?

  Qual o volume de compras de cada um?

  Qual o padrão de pedidos característico de cada grupo de clientes?

  Estou sendo eficiente em atender suas necessidade, em relação a prazos, qualidade e segurança de entrega?

  Onde se localizam e qual o porte de meus fornecedores?

  Quais os padrões de suprimentos sazonais e cíclicos que eles observam?

Qual o grau de antecipação com que trabalham?

  Seus serviços, em relação a prazos, segurança e qualidade de entrega estão de acordo com minhas expectativas?

Respostas a essas perguntas poderão indicar onde se encontram os pontos de estrangulamento da cadeia e quais as medidas necessárias à sua solução. É a partir daí que, como estratégia de planejamento, o sistema logístico apoiará as seguintes variáveis.

  Número e localização das unidades produtivas;

  Número e localização dos armazéns e centrais de distribuição;

  Meios de transporte;

  Meios de comunicação;

  Processamento de dados;

  Disponibilidade do produto;

  Localização dos produtos nos estoques;

  Volumes de produção e de estoque.

Devido à sua amplitude, o projeto de logística pode ser dividido em dois sub-sistemas: suprimentos ou administração de materiais e distribuição física. O primeiro se ocupa de compras, recebimento, almoxarifado, controle de estoques e planejamento e controle da produção. O segundo tem as funções: embalagem, movimentação, armazenagem e transporte do produto final.

É preciso notar, porém, que essas funções não são subordinadas a um mesmo departamento: espalham-se em diversas áreas da empresa. Essas áreas, por sua vez, exercem outras funções que não pertencem ao âmbito da logística.

Em nosso modelo, a diretoria industrial – que também se ocupa de questões operacionais como volume e quantidade de material produzido – é responsável pelas áreas de manufatura, que se sub-divide em produção e suprimentos. Já a diretoria comercial, se ocupa do sub-sistema distribuição, através dos departamentos de marketing e vendas. Além disso, executa outras funções como propaganda e vendas, que também não pertencem ao âmbito da logística.

Se fizermos, agora, um corte horizontal no organograma da empresa modelo perceberemos que os diversos departamentos em que os sub-sistemas estão divididos têm “status” semelhante. O mesmo acontece com as diretorias.

Muitas vezes, porém, os objetivos desses departamentos ou diretorias são divergentes. Por questões de custos, por exemplo, a produção prefere entregar séries longas e homogêneas e o setor de compras adquiri lotes com grandes volumes. Isso, porém, pode não se enquadrar na política de segmentação e diversificação de mercados da área de marketing. Em outro caso, uma ligeira mudança na embalagem beneficia a imagem do produto, mas causa perturbações na produção e em todo o fluxo de escoamento.

Devido à segmentação dos sub-sistemas entre as áreas e às divergências que podem surgir, o sistema logístico funciona como uma espécie de árbitro e, ao mesmo tempo, como um guarda-chuva aberto sobre toda a empresa.

Um projeto de logística integrada com metas de curto, médio e longo prazo, está acima de pendências como essas e as resolve enfocando o todo e não um departamento específico, e a solução encontrada tenderá a beneficiar a relação custos/benefícios da empresa, mesmo que, para isso, alguns elos da cadeia sejam sacrificados em termos de custos ou produtividade.

Continuamos na próxima edição.


PONTO DE VISTA

O FLUXO DO COMÉRCIO MUNDIAL

Há décadas, portanto desde o século passado, criou-se a consciência de que o Brasil precisa se tornar, de fato, um país exportador , pois o mercado mundial é muito mais amplo do que o mercado doméstico, por mais aquecido que esteja. Isto cria maior oportunidade de negócios e do volume de vendas. Evidentemente que as crises locais de alguns mercados compradores podem ser menos percebidas se a carteira de clientes, no caso países, for mais diversificada.

Considerando a possibilidade de crises globais, o mercado externo está cada vez mais interdependente e, portanto sujeito às mesmas. Nada mais importante que estar vinculado a parceiros fortes, como os países desenvolvidos.

Nosso objetivo não é comentar a política externa do país, mas sim considerar a importância no fluxo do comércio mundial, sob determinados aspectos.

No aspecto de volume , a concentração de cargas para determinados destinos racionaliza as operações desde a estufagem dos contêineres, ao seu destino final, até ser desovado.

No aspecto de circulação de contêineres vazios, a consolidação certamente coopera com a redução do transit time e custo operacional, ao viabilizar para esta operação maior freqüência de navios, ou seja, maior número de viagens por mês.

No MIT , Manzanillo International Terminal , localizado em Colón, Panamá, (Caribe), 80% da operação consiste em atendimento atransshipment . Em face à sua localização é indiscutível a necessidade da operação; quero evidenciar que no sentido de exportação do Brasil, esta operação é necessária para atendimento, principalmente dos países do Caribe ou da Costa Oeste da América do Sul. Este Terminal é uma referência, pois otransshipment pode ocorrer em outros portos da região também.

Considerando que os referidos transbordos demandam tempo de operação e de espera do próximo navio, apesar de sua excelente produtividade do MIT , por exemplo, o tempo total é acrescido.

O crescimento do porte dos navios na rota Brasil (Mercosul) – Estados Unidos e o aumento de freqüência, denotam os benefícios para as partes compradora e vendedora, nas relações das exportações da região. Em se agregando maior volume à rota, certamente será mais freqüente, portanto mais rápida e mais econômica.

Não podemos esquecer os destinos com menor concentração afinal “navegar é preciso” mas, de acordo com Paretto, a avaliação da curva ABC é interessante, oportuna e importante na definição de políticas e mercado.

CBMarra