VIVENDO A LOGÍSTICA


PONTO DE VISTA

LOGÍSTICA NA COPA: RESSACA ANUNCIADA

Este ano é especial para nossa economia, a Copa do Mundo impactará em vários setores.

Entre outros setores do mercado, os que sofrerão severas alterações no planejamento de vendas e supply chain são: cerveja e televisores. Claro, beneficiados pelas transmissões dos jogos e pelo habito tradicional da parceria com futebol e cerveja.

De acordo com o SINDICERV (Sindicato Nacional da Indústria de Cerveja), os meses de dezembro e janeiro concentram entre 10% a 11% das vendas anuais de cerveja. Apesar de ser realizada no inverno a Copa do Mundo dará ao mês um índice maior que o verão, ou seja, é esperado para junho um consumo de 6% a 7% do consumo anual, ou o equivalente a dois carnavais no mesmo ano.

Já a indústria de eletroeletrônicos está com carga total na produção de televisores, que terão suas vendas impulsionadas pela Copa do mundo, o histórico de vendas no segundo semestre é melhor que o primeiro para venda de TVs. Mas esta relação irá se inverter neste ano em função deste evento, segundo estimativas do Pólo Industrial de Manaus (PIM), os primeiros cinco meses do ano a produção média mensal é de 1,5 milhões de aparelhos de televisores, neste ano a previsão é de produzir e comercializar 2,5 milhões de unidades por mês entre janeiro e maio deste ano. Desta forma espera-se garantir 90% do total de aparelhos ainda no primeiro semestre.

Com tantos motivos para comemorar, nossa logística esta na contramão da euforia. Os projetos apresentados pelo governo federal não saíram do papel, a falta de aportes dedicados à logística é um dos grandes motivos para nossa falta de competitividade, e ainda outro fator complicador é de que os escassos aportes que estão sendo efetuados, alguns estão sendo aplicados de forma equivocada.

As consequências são estradas de má qualidade, alto custo do frete, baixa utilização de modelos multimodais e problemas na movimentação interna e para importação e exportação, exemplo disso é a nossa enorme dificuldade para escoar nossa soja, que tem sua produção aumentando ano a ano. Até quando seremos reféns disso?

Mas não é só o governo que anda errando com a logística, a falta de planejamento do setor privado começa a revelar fragilidades, exemplo disso são as enormes dificuldades para recebimento de tantos produtos comprados pelo varejo.

Portanto, mesmo que os investimentos aconteçam agora, o que não é o caso, os ventos continuarão a soprar contra a logística neste e nos próximos anos.

O cenário aponta para um segundo semestre onde a euforia dará lugar a nossa dura realidade, ineficiente e refém de um governo intervencionista e equivocado, às voltas com seus custos exorbitantes aumentado de ano a ano.

Edson Silva
Vantine Logistics & Supply Chain
Consulting

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