VIVENDO A LOGÍSTICA

Durante os anos de 2006 a 2008 apresentei semanalmente, na qualidade de comentarista independente, uma análise chamada “Logística com Vantine” dentro do programa Brasil Logística e Transportes na Rede Mulher de televisão (atualmente Record News).

Nas próximas edições no nosso Newsletter, vou disponibilizar para a Comunidade de Logística o reprise de alguns programas (são só 2 minutos), com o objetivo de permitir a análise critica comparativa bem como mostrando em certos casos que os problemas atuais não são novos, e que quanto mais a logística se destaca na importância empresarial, mas os profissionais se afastam da formação teórica e conceitual.

Porto de Santos: Lista de Queixas


PONTO DE VISTA

A CONSTRUÇÃO DE DIFICULDADES PARA O ABSTECIMENTO URBANO

Se há 30 anos alguém dissesse que o projeto de Alphaville, localizado em Barueri e em outros municípios da Grande São Paulo, era um projeto limitado do ponto de vista da capacidade de tráfego, poderia ser chamado de cético, apesar das dificuldades do Plano Piloto de Brasília já haviam começado a aflorar. Há vinte cinco anos, juntando-se Alphaville e Tamboré, este ainda apenas com a parte industrial/comercial, já se comentava sobre as limitações viárias do projeto e transtornos presentes no cotidiano. Hoje, isto não se discute, convive-se e tentam se safar das dificuldades e horários de pico – esta área vive na forte dependência de caminhões e está localizada após o Rodoanel. Há 30 anos o projeto do Rodoanel já existia.

Neste espaço, a intenção é utilizar um caso em andamento para ilustrar o que pode acontecer no bairro Itaim, em São Paulo, construindo problemas e dificuldades. O empreendimento Shopping JK Iguatemi é conhecido e muito esperado por todos, especialmente empreendedores e consumidores. Além do shopping os escritórios comerciais comportam atividades de 17 mil pessoas. A base dos comentários é a Folha de São Paulo de 04 de Abril de 2012, sob o título Shopping JK Iguatemi adia data de inauguração em São Paulo, conforme segue em trechos com nossas observações:

1. A CAUSA DO ADIAMENTO: Desembargadores do Tribunal de Justiça de São Paulo decidiram nesta terça-feira que o shopping JK Iguatemi, no Itaim Bibi (zona oeste de São Paulo), não pode abrir as portas antes de concluir a construção de um viaduto para desafogar o trânsito da região. A avaliação foi unânime, votada por três desembargadores, e confirma a liminar (decisão provisória) concedida em março ao Ministério Público do Estado, que ingressou com uma ação para impedir o funcionamento no novo shopping. Na ação, a Promotoria de Justiça de Habitação e Urbanismo pediu que o shopping fosse impedido de abrir porque faltam obras para amenizar o impacto do trânsito no local e a falta de segurança aos pedestres. Cerca de 30 mil pessoas são esperadas por dia no novo empreendimento. (Localização abaixo):

2. O PROBLEMA PARA O EMPREENDIMENTO: Na semana passada, a direção do empreendimento informou, por meio de sua assessoria, que uma nova data será agendada para a abertura ao público. A inauguração do novo JK estava marcada inicialmente para o próximo dia 19.

Procurado, o shopping ainda não informou que atitude deverá tomar diante da decisão do TJ.

Para funcionar, o empreendimento deverá apresentar à Justiça um termo de recebimento expedido pela Secretaria Municipal de Transporte, um certificado de conclusão das obras, licença de funcionamento e atestado de vistoria final do Corpo de Bombeiros.

Se descumprida a decisão, o estabelecimento terá de pagar multa de R$ 500 mil por dia.

3. PRECAUÇÕES: O shopping JK fez um seguro-fiança de R$ 84 milhões (dobro do valor das obras que ainda estão previstas para serem concluídas). Dessa forma, se a companhia não entregar as obras até 2014, a Prefeitura de São Paulo poderia resgatar o dinheiro e realizar as obras necessárias.

Concluindo podemos entender que o caminho mais prático seja este: a obra será liberada e, cumprindo o contrato, a companhia deve esperar a Prefeitura construir o viaduto, daqui a dois anos, pelo menos.

A proximidade e dependências de vias estranguladas, como a Av. Nações Unidas (marginal do Rio Pinheiros), Av. Juscelino Kubitschek e Rua Funchal, além do público esperado deviam a levar os envolvidos a questões mais amplas. Mesmo que entendamos a política municipal de privilegiar o automóvel, em nome da mobilidade, casos com este não são solucionados com um simples viaduto. Por melhor que seja o empreendimento, com este volume de tráfego e nossa cultura de todos os escritórios e áreas comerciais cumprirem, em geral, os mesmos horários, a tendência é falarmos sobre fluidez de tráfego e construirmos congestionamentos e dificuldades de abastecimento urbano.

Apesar da realidade somos otimistas. Nem tudo está perdido. Recentemente foram publicados planos de governo para a revitalização do centro expandido da cidade de São Paulo com ênfase para construção de 10.000 unidades habitacionais. Além de melhorar as condições sociais e de segurança da área deve reduzir (não de eliminar) a necessidade de transporte coletivo em direção ao centro nos horários de pico.

As direções para melhorias são múltiplas, portanto diversas. Enfatizamos o que devemos ter em mente: “se está na mão, veio caminhão”, e mais “o caminhão não é o vilão”. As condições para trânsito de caminhões devem ser incluídas nestas melhorias para reduzir os efeitos de oneração dos custos nesta cidade, que já é uma das mais caras do mundo.

C.B. Marra
Vantine Logistics Solutions

 

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