VIVENDO A LOGÍSTICA

PONTO DE VISTA

LOGÍSTICA UMA CORRIDA CONTRA OBSTÁCULOS

A Logística nas empresas é colocada no plano estratégico, estudada, revisada e estruturada constantemente nos seus menores detalhes, de forma a oferecer às organizações, decisivas vantagens competitivas, mas a logística é dependente de infraestrutura.

No dia 13 de outubro à noite, um avião MD-11, com peso aproximado de 150 toneladas incluindo o combustível em seus tanques, teve seu trem de pouso destruído quando aterrissava em Viracopos se arrastando por cerca de 800 metros. Interditando a única pista de Viracopos por nada mais de 45 horas, o ÚNICO equipamento existente na América Latina, capaz de realizar a remoção da aeronave, recovery kit, pertence a TAM, que precisou de um apoio logístico para enviá-lo à Campinas, pois este contava com três partes, cada uma delas estava localizada em uma região do estado de São Paulo.

As consequências causaram um efeito dominó, com cancelamentos de voos em todo Brasil, uma vez que muitas aeronaves ficaram impedidas de decolar, prejudicando não só passageiros como foi amplamente divulgado, mas também a sua operação de cargas. Vale dizer que Viracopos tem movimento de 14 milhões de passageiros por ano até maio de 2014, em 2011 movimentou 183.164 toneladas para importação e 135.225 toneladas para exportação, sendo considerados portões de entrada do desenvolvimento econômico do País, os 34 Terminais de Logística de Carga da INFRAERO – TECA – possuem equipamentos de última geração, sua infraestrutura moderna e completa recebe os mais diversos tipos de carga, garantindo que sejam movimentados e armazenados com segurança, fazendo da INFRAERO referência na atividade logística de carga e facilidades de serviços para todos os integrantes da cadeia logística multimodal.

As companhias que integram a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) – Azul, Avianca, Gol, TAM e Trip, alegam prejuízos da ordem de 20 milhões com indenizações para 27 mil passageiros que foram prejudicados com o cancelamento 495 voos.

Apesar do bom desempenho e boa infraestrutura do terminal de cargas, existem outros aspectos que não foram observados comprometendo todo um trabalho não só do desempenho do aeroporto, mas com extensões para toda a economia brasileira. Apenas SEIS, dos 67 aeroportos administrados pela Infraero possuem mais de uma pista. Mesmo assim, ainda era possível evitar ou ao menos amenizar em muito os transtornos ocorridos, a pista auxiliar de Viracopos é homologada a mais de 30 anos para voos eventuais, mas a precariedade na pavimentação gerou um alerta de segurança em 2006, para que a taxiway não fosse utilizada; repito já se sabia que a pista auxiliar necessitava de reparos desde 2006. A respeito disso a agência fiscalizadora, ANAC, informou por meio de sua assessoria, entretanto, que “não é atribuição dela exigir o funcionamento da pista”. Isto, segundo a assessoria de imprensa, é função do administrador, que pode optar ou não por operar.

Até mesmo o governo admitiu que, houve demora excessiva para remover o avião e que as autoridades demoraram a reagir. O Código Brasileiro de Aeronáutica estabelece que, se por algum problema, um avião bloquear a pista, é a empresa aérea que tem que fazer a retirada da aeronave. Caso a companhia não apresentar recursos técnicos ou se não providenciar a retirada rapidamente, o código diz que a responsabilidade da retirada da aeronave é da operadora do aeroporto. Em Viracopos, é a Infraero a responsável pela operação.

Planos de contingência? Suas operações estão organizadas pra isso?

Logística é realizada por profissionais da área, mas em alguns casos é refém de decisões políticas.

O CASO REVELA A PRECARIEDADE DA NOSSA INFRAESTRUTURA, POIS NÃO É SÓ AVIÃO QUE ENCALHA.

Edson Silva
Vantine Logistics Solutions

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