Evento online comemora a Vantine Consulting e seu fundador, José Geraldo Vantine, que há mais de três décadas ajudam a desenvolver a logística no País. Um dos convidados foi o diretor presidente e CEO da ABOL – Associação Brasileira de Operadores Logísticos, Cesar Meireles. Acesse – https://lnkd.in/efsy9Sz.

Para celebrar os 34 anos da Vantine Consulting e a renomada carreira do empresário e executivo, expert em logística, José Geraldo Vantine, o programa Roda Viva da Logística, organizado pelo GuiaKast, reuniu profissionais do setor para que, com ele, discutisse o cenário atual e as perspectivas na logística.

Fundador e CEO da Vantine Consulting, Vantine tem 45 anos integralmente dedicados às atividades de logística. Com formações em Engenharia Industrial pela Escola de Engenharia Industrial de São José dos Campos, em Logística e Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos pela Universidade da Flórida, em Supply Chain pela Ohio State University e em Cadeia de Abastecimento pela Cranfield University, Vantine trabalhou na General Motors por 10 anos como superintendente de logística e foi presidente da Urbanizadora Municipal (Urbam) até fundar a Vantine Consulting em agosto de 1986.

O grupo de entrevistadores foi composto pelo diretor presidente e CEO da ABOL – Associação Brasileira de Operadores Logísticos, Cesar Meireles; pelo diretor presidente do SSN Business Group, Silvio Soares Nazaré; pela Vice President Global Procurement da Yamana Gold Inc., Cristina Bertoni; pelo fundador e CEO da TRUCKPAD, Carlos Mira; pelo CEO da Gerdau Special Steel Brasil, Fladimir Gauto e pelo CEO da ECHOS – Innovation Lab, Carlos Alberto Julio. A moderação do encontro ficou por conta do empreendedor digital Rodilson Silva, fundador do GuiaKast – Logística e Supply Chain, canal do Guia Corporativo.

Além de comentar sobre a sua experiência profissional, Vantine fez análises a partir de perguntas formuladas pelos participantes sobre temas da realidade da logística no contexto da pandemia e também sobre como será o momento pós pandemia.

“Nosso problema, e não vou entrar na esfera política, é ser o Brasil um país muito legalizado, ou seja, com muitas leis, condição que promove muita discussão e pouca ação concreta. Somos ainda um país dirigido pelo meio jurídico, que dispõe de recursos que podem interromper ou encerrar uma obra. Entendo que o Brasil perdeu o trem do desenvolvimento. Fizemos uso de modelos de privatização que comprometeram a concorrência entre as empresas e, por consequência, a evolução da eficiência logística. O meu olhar hoje para o amanhã é de apreensão. Estamos atrasados. A velocidade da inovação não é a da infraestrutura e, hoje, no Brasil, uma compromete a outra. Estamos em uma corrida de obstáculos”, avaliou.

Sobre o ritmo da evolução da inovação tecnológica e o impacto nas empresas e nas dinâmicas de trabalho, especialmente no âmbito da logística, Vantine comentou que a dificuldade atual, além da evidente velocidade com que as novas tecnologias estão transformando a cadeia de suprimentos, abastecimento e distribuição, é o desafio de modificar processos.

“A digitalização não aconteceu em todas as etapas da cadeia logística, e isso afeta o processo e os profissionais envolvidos. Todos estão adaptando-se às mudanças necessárias, e estas precisam respeitar a estruturação dos processos. Na logística temos três elementos: fornecedor, indústria e varejo. Na relação entre fornecedor e indústria de transformação, a linguagem é similar, e é possível desenvolver uma logística excepcional. No lado da indústria/varejo, a linguagem é diferente, porque o varejo não trabalha com planejamento de demanda como o faz a indústria, mas com previsão de venda e controle de estoque. Nessa interligação, a tecnologia ainda não chegou ao seu momento ideal, muito menos a gestores desses dois universos”, disse.

Questionado sobre o futuro pós-pandemia, Vantine foi objetivo. “Nós, humanos, somos dotados de grande resiliência. Não existe um novo normal, mas existe um aprendizado e uma nova visão, que deve incorporar as mudanças do nosso tempo pós-pandemia. O que vale a pena para empresas de grande porte e para as mais tradicionais, é contar com um comitê permanente de análise e gestão do ‘improvável’, como o caso de eventos tão disruptivos como a pandemia, que superam o imprevisível, para a análise constante dos riscos e dos impactos que causaram e que ninguém esperava”.

Ele enfatizou a importância de recorrer a exemplos de outros setores e mercados para entender a pluralidade das soluções e práticas adotadas e moldá-las à logística. “Na minha opinião, não devemos olhar para a China, porque eles têm outra visão do trabalho, mas sempre olharmos para mercados que têm coisas a nos ensinar, como os Estados Unidos, França e Alemanha. O ponto importante desse benchmark é fazê-lo do ponto de vista da gestão e da operação em empresas diferentes dos setores que estamos”.

O diretor presidente e CEO da ABOL, Cesar Meireles, fez questão de saudar o amigo de longa data. “Foi uma alegria muito grande participar deste encontro que festeja a logística e sempre circunda o caro amigo Vantine. Tive o privilégio de ter sido seu aluno há muito tempo, na Bahia, quando o conceito de logística integrada estava sendo ali configurado e concebido. Como dizia o poeta Vinicius de Moraes, “amigo você não faz, você reconhece”. Tive a alegria de ‘reconhecer’ o Vantine como amigo. Além da sua projeção como pensador fecundo e vanguardista sobre a logística, ele é sinônimo de detalhamento acadêmico e conceitual, o que nos traz um ganho muito grande de compreensão e aprendizado”, comentou.

Meireles parabenizou os organizadores e participantes da iniciativa pela diversidade de assuntos propostos e trouxe os Operadores Logísticos para a discussão. “O setor dos Operadores Logísticos é um setor ainda muito novo e em consolidação. O que conversamos hoje, faz parte da nossa agenda: a disrupção, a tecnologia, a inovação e a necessidade da estruturação de uma economia que suporte o investimento a esta inclusão. Mas devemos nos questionar sobre qual Brasil estamos falando, porque as diferenças entre as regiões são abissais”, comentou.

O diretor presidente e CEO da ABOL comentou ainda que a busca por segurança jurídica também faz parte da agenda da associação, e mencionou um dos principais projetos da entidade: o Projeto de Lei nº 3757/2020, de autoria do deputado federal Hugo Leal (PSD/RJ), que dispõe sobre a atividade de operação logística e que altera o decreto nº 1.102/1903, que trata sobre armazenagem geral.

“O Projeto de Lei traz duas questões específicas: o reconhecimento do nosso setor e a possibilidade de atualizar o decreto da armazenagem geral, que é secular. Peço a gentileza para que todos possam colaborar, acessando o link https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=20164, somando voz positiva ao projeto de lei, expressando a importância de contarmos com um ambiente de maior segurança jurídica para atrairmos mais investimento, gerando mais emprego e renda, colaborando positivamente para a construção de um PIB sólido, a partir de uma atividade mais previsível. Creio eu que o futuro, e findo aqui, não pode ser analisado sem abordar a questão da sustentabilidade e da inclusão. Temos novas regras, agora”, concluiu Meireles.

Fonte: Site da ABOL –  https://abolbrasil.org.br/noticias/876