VIVENDO A LOGÍSTICA

Olhar panorâmico de 1986

Talvez nem todos se recordem, mas em 1986, o Brasil começou a entrar na espiral da hiperinflação, quando o então presidente José Sarneyimplementou o Plano Cruzado. Sarney mudou a moeda, que anteriormente era o Cruzeiro, bem como indexou os preços por meio da URP (Unidade Referência de Preços) e congelou a economia.

Hoje, como conhecemos a história, sabemos que este plano foi malogrado, e neste ambiente econômico, devemos ressaltar também o cenário político. Isto porque Sarney assumiu em virtude da morte de Tancredo Neves, o primeiro presidente civil escolhido por eleições diretas após a Revolução de 1964. Mas, devemos observar que Tancredo Neves era da oposição (PMDB) e Sarney, do MDB, sempre foi de direita, assumindo papel de um dos principais líderes da ARENA durante a citada Revolução. Coisas da política e, neste caso, com alto impacto para a história do Brasil.

Portanto, a situação econômica caótica e o cenário político complexo, fizeram com que a Logística brasileira, que à época dava seus primeiros passos, sofresse séria interferência, pois seu impacto nos custos era desprezível. Desta maneira, enquanto efetivamente a Europa e os Estados Unidos avançavam rapidamente com a ciência e a arte da Logística, nós, aqui no Brasil, continuávamos a ver apenas o aspecto industrial do setor, fortemente direcionada aos processos de movimentação e armazenagem.

Também é importante ressaltar que dentro deste cenário, era mínima a importância dos custos de inventário (estoque), e a tecnologia da informação concentrada unicamente em sistema de MRP(Materials Requirement Planning).

É isto. Precisamos compreender as causas e os efeitos que fizeram a história da Logística.

PONTO DE VISTA

Ministério anuncia pacote para infra-estrutura

Na última semana, o Ministério dos Transportesanunciou o pacote de investimentos a serem aplicados no setor de infra-estrutura em 2005. O ministro Alfredo Nascimento destacou, entre as obras, o Arco Rodoviário do Rio de Janeiro e a duplicação da BR-101 (parte da Rodovia do Mercosul), nos trechos Sul e Norte. O pacote é formado por investimentos que têm retorno econômico garantido e atingem o total de R$ 2,5 bilhões.

O ministério reservou R$ 1,1 bilhão para a recuperação de rodovias que servem de corredor de escoamento das exportações. Entre os planos, estão a construção de dois trechos na ferroviaNorte-Sul e a recuperação e duplicação da BR-153, a Belém-Brasília. O objetivo é viabilizar, dentro de dois anos, o acesso das regiões produtoras do Centro-Oeste ao Porto de Itaqui (MA), usando tanto a ferrovia quanto a rodovia, com a construção de uma estação de transbordo.

Na ampliação da Norte-Sul, o Governo estima gastar R$ 700 milhões e procura atrair a atenção da Cia. Vale do Rio Doce para investimentos. Para a recuperação e duplicação da Belém-Brasília, o cálculo chega a R$ 400 milhões.

Os gargalos da infra-estrutura estão cada vez maiores e mais evidentes, como já vêm alertando especialistas do setor. O rápido crescimento das exportações, induzido pela política econômica vigente, ultrapassou os limites da infra-estrutura nacional, já que não houve um plano de crescimento sustentável na área. A falta de um sistema eficaz, que una a Logística, em todos os seus aspectos, ao desenvolvimento da estrutura operacional, prejudica o escoamento da produção e a captação de investidores estrangeiros. Os portos de Santos e do Rio, já saturados, não poderiam atender à demanda mesmo com altos investimentos. É necessário facilitar o acesso a outras saídas e, assim, dissolver estes entraves.

Estas medidas servirão como um ponto de ignição às melhorias no setor, mas não podem ficar apenas no papel. Os profissionais da área, assim como aqueles que dependem das estradas, portos e ferrovias para desenvolver seus negócios, precisam cobrar do Governo medidas eficazes e a continuação das obras, para que estes gargalos sejam liquidados e para possibilitar o crescimento sustentável das exportações, essencial para o desenvolvimento do país.
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