VIVENDO A LOGÍSTICA

Em continuidade ao cenário da Logística no ano de 1988, vou iniciar nesta edição uma série de artigos de minha autoria publicada no Jornal “O ESTADO DE SÃO PAULO” entre setembro e dezembro de 1988, para que você possa refletir e verificar comparativamente com a Logística que se prática hoje. Bom proveito!

SISTEMA LOGÍSTICO – UM MODELO DE ANÁLISE

A preocupação com o Armazenamento, Transporte e Distribuição de Mercadorias tem sido constante na história da economia. Suas origens se confundem com as primeiras relações de troca. A sistematização e planejamento dessas operações, porém, é muito recente. Como ciência, começou a ser aplicada na área militar, durante o século passado. Apenas depois da segunda guerra mundial foi estendida, também à Administração de Empresas. O exército francês usou o termo Logístico pela primeira vez, ao definir o sistema de Administração e Distribuição de provisões às tropas. A palavra deriva do verbo “LOGER”, que significa alojar, prover, introduzir. Na segunda guerra mundial, ainda restrita ao âmbito militar, o conceito passou a ter conotação extremamente importante aos países aliados, como os europeus e Estados Unidos. Da eficiência das áreas de apoio dependia, afinal, o desempenho das frentes de combate. O planejamento logístico permitia a perfeita administração das remessas de alimentos, equipamentos e tropas às regiões conflagradas, através da utilização correta dos meios de transporte.

A guerra acabou, mas o conceito permaneceu. Logística passou a ser definida como um modelo de análise e administração integrada, que permite otimizar o fluxo de materiais, desde sua fonte primária até a colocação nos pontos de venda como produto final. Foi com esse enfoque que passou a integrar os currículos das universidades norte-americanas, estendeu-se à indústria e comércio e começou a tomar corpo como ciência econômica.

O próprio desenvolvimento industrial proporcionou o impulso necessário a essa expansão. Até os anos cinqüenta, administrar empresas significava, basicamente, buscar a eficiência na produção. Gradualmente, essa preocupação foi cedendo espaço ao Marketing. Percebeu-se que era o consumidor – e não apenas o fornecedor – quem determinava as tendências do mercado.

O passo seguinte seria a busca da eficiência no Armazenamento e Distribuição de Materiais e produtos finais. Isso porque, nos anos setenta, a Administração Empresarial chegou a duas conclusões, impulsionada pela pulverização geográfica do mercado, pelo desenvolvimento de novas técnicas de comunicação e pela necessidade de produzir grandes volumes de produtos com características variadas.

Primeiro, constatou que já havia obtido a eficiência máxima das linhas de produção ao aplicar técnicas como KAN-BAN e JUST-IN-TIME, FMS e MRPS. Pelo menos, em curto prazo, não poderia contar com recurso que otimizassem a relação custo/benefícios nesse segmento. Depois, sentiu que precisava de um sistema capaz de escoar os produtos na velocidade exigida pelo mercado e que, ao mesmo tempo, funcionasse como um novo elemento de redução de custos – ou uma área inexplorada. Mais do que nunca, estava claro que para uma empresa vender e entregar é tão importante quanto produzir. Esse sistema é a Logística Integrada – cujo conceito, também na década de 70 chegou ao Brasil. Como estratégia empresarial, ela coloca sob o mesmo guarda-chuva diversas funções de uma empresa ou diversas empresas de uma cadeia de distribuição. Ao agilizar o fluxo de informações e materiais, permite maior eficiência no suprimento da fábrica e na distribuição dos produtos acabados. E, por isso, atua diretamente sobre dois pontos-chave do desempenho empresarial: Tempo e Custos.

Continuamos na próxima edição.


PONTO DE VISTA

FALTA DE SINTONIA NO GOVERNO

O Ministro Furlan, titular do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio têm alargado continuamente o sucesso do crescente volume de exportações, já prevendo para este ano bater na casa dos U$120 bilhões. Realmente é um número grandioso, mas devemos observar que o sucesso da balança comercial está na exportação de grãos e não na exportação industrial (esta é até deficitária). Por outro lado, o Presidente Lula tirou toda capacidade operacional doMinistério do Transportes através de violentos cortes orçamentários, que inclusive já causou duas ameaças de demissão, uma delas doMinistro Alfredo Nascimento. Portanto, esta é uma situação antagônica, pois se de um lado parte do Governo quer aumentar a exportação, e exportação precisa de infra-estrutura que vem através de investimentos por parte do Governo e da iniciativa privada, vemos que somente este setor da economia vem cumprindo com estes investimentos.

E o governo??? Por que essa falta de comunicação de ajustes estratégicos entre oMinistério dos Transportes e o MIDC. Como profissional de Logística, como cidadão brasileiro, registro a minha revolta pela inabilidade e incompetência gerencial do Presidente lula que tem se mostrado muito mais mágico das palavras do que cumpridor das promessas.

JGVantine

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