VIVENDO A LOGÍSTICA

OS TRÊS OUTROS FRUTOS DO GPD

Como prometemos, vamos relembrar aqui como surgiram algumas das principais técnicas, padrões e equipamentos hoje utilizados largamente pelas empresas brasileiras e de domínio dos profissionais de logística. Três deles nasceram juntos e são frutos de um só trabalho: o do Grupo de Estudos para o Palete de Distribuição (GPD), criado pela Abras (Associação Brasileira de Supermercados) em meados dos anos 80 para padronizar o sistema e otimizar os custos na cadeia entre indústria e varejo.

No entanto, para chegar ao projeto Palete Padrão Brasil (PBR), este grupo de profissionais, cujos trabalhos tive o orgulho de coordenar, propôs e viu implantadas mudanças em três outros eixos da logística: a armazenagem, a embalagem e o transporte. Primeiro, nos padrões de estruturas porta-paletes. Afinal, era extremamente importante que os depósitos construídos a partir da criação de um palete único tivessem esta diretriz como base.

Desde a Segunda Guerra mundial, os americanos vinham utilizando o palete de 42’’ x 48’’, enquanto os europeus trabalhavam com o de 0,80 m x 1,20 m. Os depósitos brasileiros foram construídos desta forma. E nós sabíamos que se não padronizássemos o palete e que se não houvesse uma conscientização por parte da indústria de estruturas verticalizadas de armazenagem, nós teríamos um custo de readequação pela falta de padrão. Já era nossa preocupação na época, porque isso geraria problemas, inclusive de formatação de layout e, futuramente, de construção de depósitos, porque não haveria uma moeda única, com intercambiabilidade.

Portanto a padronização do palete não visava somente a criação de um novo equipamento, mas envolvia uma complexa interface com a engenharia de depósitos, com a engenharia de movimentação de materiais, com a padronização de estrutura porta-paletes e com o fluxo do processo operacional.

Houve um segundo fato importante vinculado à idéia de padronizar o palete, e que pouca gente sabe – daí porque publicamos semanalmente uma parte de nossa história, para resgatar a origem das técnicas utilizadas hoje e, com isso, aproveitá-las com mais eficácia. Refiro-me à padronização da embalagem de transporte. A partir da criação de um palete único, as grandes indústrias de bens de consumo passariam a expedir seus produtos em módulos, que deveriam estar relacionados com a embalagem para o consumidor. Ou seja, além desta embalagem primária, a mercadoria teria uma embalagem para o transporte. Esta seqüência tinha de ser otimizada no palete. Foi assim que, em 1986, criamos um conceito muito importante: o UPC – Unidade Padrão de Carga.

Na outra ponta desta solução, também tivemos de nos preocupar com a padronização da carroceria do caminhão. Estas três transformações reunidas, principalmente o impacto da UPC no sistema de transporte, mostram a importância do PBR para a logística brasileira.


PONTO DE VISTA

VANTINE EM ENCONTRO NO “BERÇO DA LOGÍSTICA”


Daniel Vantine da VANTINE, Heráclito Ribas da J&J Consumer e Marcio Frugiuele da FIEL e atual presidente da ABML

A VANTINE marcou presença no IV Ponto de Encontro ABML em São José dos Campos, no dia 7. A principal cidade do Vale do Paraíba é um dos mais importantes pólos produtivos do país. Foi lá que o consultor J. G. Vantine iniciou sua carreira como pioneiro na logística no Brasil, há 32 anos, na condição de funcionário da General Motors. A coincidência histórica entre os dois momentos é que, naquela ocasião, Vantine contratou a Fiel para fabricar, pela primeira vez no país, uma estrutura porta-palete para um sistema de armazenagem verticalizada. E a Fiel fora fundada pelo avô de Márcio Frugiuele, hoje presidente daABML e promotor do encontro.

Junto com a então inovadora estrutura porta-palete, Vantine também abriu caminho para a utilização de empilhadeiras laterais para movimentação no depósito da GM, até hoje tidas como solução eficaz. Adotou também um programa de computador ancestral do que viria a ser o WMS (Warehouse Management System), na época rodando com base em cartões perfurados lidos pelo sistema Cobol de um mainframe da IBM. Estes três fatores fizeram São José dos Campos entrar para a história empresarial brasileira como “O Berço da Logística”.


Antonio Carlos da Embraer e Sandra Barbosa da VANTINE

Para Márcio Frugiuele, realizar pela quarta vez um Ponto de Encontro no Vale do Paraíba mostra a importância da região para o setor. “Ali estão montadoras como a Volkswagen e outras multinacionais de peso como a Kodak e Johnson & Johnson. O evento é uma oportunidade para que os profissionais da região troquem informações e conheçam o que de melhor vem sendo feito e oferecido nesta área”, afirma.

Foi o que proporcionou ao público a apresentação do gerente de logística internacional para a América Latina da Johnson & Johnson Consumer, Heráclito Inácio Ribas. Responsável pela definição das estratégias operacionais da cadeia de suprimentos da mais complexa divisão da empresa em cinco países da região, ele revelou o projeto de quarteirização do gerenciamento de atividades logísticas nesta área.

Depois de um longo e complexo processo de seleção internacional, ele contratou a organização americana Vastera, que atua como Global Trade Manager, para desempenhar na J&J latino-americana o papel de prestadora de serviço e fornecedora de solução tecnológica.

A Vastera está capacitada para gerenciar toda a operação logística e ajudará seu cliente a estabelecer processos, métricas e garantir a conformidade com as normas estabelecidas pela matriz. A divisão Consumer da J&J produz todos os itens encontrados no varejo, como fraldas, xampus, etc. Além das cinco fábricas na América Latina, a empresa conta com centros de distribuição em 13 países da região.


Heráclito Ribas – J&J Consumer

O contrato já está em vigor no Brasil há oito meses e já propiciou uma redução de custos operacionais de 6%, quando o esperado era de 3% em um ano. Agora, está em implantação na Argentina e Colômbia, também sob supervisão de Heráclito. “Havia a necessidade de ter mais controle sobre as atividades logísticas, mais procedimentos estabelecidos e soluções integradoras. Como já estávamos com a operação terceirizada há alguns anos, e com um nível bastante bom de comprometimento, evoluímos e reconhecemos que um parceiro externo poderia nos ajudar em decisões estratégicas, não só provendo informações, mas trazendo a sua expertise”, conta o gerente.

Ele esclarece, no entanto, que as decisões estratégicas da área continuarão sob poder da J&J. “Nosso interesse é que este parceiro nos ajude a medir a performance dos prestadores de serviços logísticos, a encontrar áreas de oportunidade, a garantir 100% de conformidade nos parâmetros regionais e nos pagamentos”, diz.

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